Riiko
Wahni está em sua aldeia, em Oriximiná, na região Baixo Amazonas, se
recuperando da Covid-19, após passar 13 dias internado no Hospital de Campanha
de Santarém. Ele foi transferido em estado grave para a unidade de saúde
instalada no município pelo Governo do Pará.
“Sentia
dor no peito, pneumonia muito avançada. Não lembro como cheguei lá, acordei
ligado ao respirador, com furos nos braços e muita fome”, contou o indígena.
Ele ocupou um dos dez leitos reservados para tratamento de indígenas no
hospital de campanha. “Recebi tratamento, me cuidaram muito bem, enfermeiras,
auxiliares com a força de Deus. Fui curado de Covid-19, agora estou fazendo
repouso. Eu não andava, usava cadeira de rodas”, lembrou Riiko.
Assim como
nos hospitais de campanha de Belém e Marabá, as alas reservadas para indígenas
em Santarém foram disponibilizadas pelo governo do Estado para ofertar
atendimento respeitando especificidades.
“São
atendidos e recebem alimentação conforme a sua cultura. Também tem acesso a
alguns alimentos oferecidos por parentes, como chás, caribé e ervas. Os
indígenas entendem que a medicina das ervas é essencial no tratamento. Estamos
para assegurar todos os seus direitos culturais e civis, oferecendo não só
saúde”, afirmou a enfermeira da ala indígena do Hospital de Campanha de
Santarém, Danielle Nascimento.
Riiko
Wahni concorda que os cuidados fizeram a diferença no seu tratamento e ajudaram
a diminuir a saudade da aldeia. “Eu lembrava vendo fotos na parede, as
paisagens, curumim (criança). Parentes de outras etnias visitaram, xikrin,
kaiapo. Gostei demais, senti o tratamento muito bom”, avaliou.
De acordo
com o diretor administrativo da unidade, Marcelo Henrique, a reserva de leitos
considera a localização das aldeias. “Hoje nós atendemos a região que contempla
algumas aldeias dentro das 19 cidades que compõem a 9ª Regional da Sespa. Esse
espaço foi reservado para que eles pudessem ter um atendimento mais
direcionado. Nós temos uma ala com 10 leitos reservados de enfermaria e, desde
o dia 12 de junho, já tivemos seis indígenas atendidos, dos quais quatro
tiveram alta e dois continuam internados”, informou.
Marabá
No
Hospital de Campanha de Marabá também foram destinados 10 leitos para
indígenas, que são admitidos por meio de regulação a partir do hospital
municipal. Dos 10 pacientes que deram entrada, seis receberam alta hospitalar,
um foi transferido e três foram a óbito.
“O
diferencial é que nós temos no atendimento um técnico de enfermagem e eu como
enfermeira com capacitação em saúde indígena. Eles se sentem mais acolhidos por
conta de conhecer a cultura e algumas falas. Aqui tivemos pacientes das etnias
suruí, gavião e parakanã. Graças a Deus temos feito um bom trabalho com a
parceria também do polo de Marabá, que tem nos dado apoio”, explicou Camila
Abreu, enfermeira responsável pela ala indígena no Hospital de Campanha de
Marabá.
Apoio – O Corpo Militar de Saúde da Polícia
Militar do Estado também realiza atendimentos para os indígenas da região. De
forma prática, a equipe formada por médicos e técnicos oferece consultas
médicas, visitas domiciliares aos indígenas idosos com dificuldade de locomoção
ou com saúde frágil, e testes rápidos para detectar a Covid-19.
A ação
também leva às aldeias kits com medicamentos. As medidas têm apoio da
Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que faz a mediação com os
pacientes. Outra equipe que atua na região, formada por psicólogo, enfermeiro,
médicos e técnicos em enfermagem, também integra a força-tarefa.
Belém
No
Hospital de Campanha do Hangar Centro de Convenções, em Belém, por segurança,
foram reservados 50 leitos clínicos para indígenas, que felizmente não foram
utilizados com a redução dos casos da doença na região metropolitana.
A Sespa
entregou, no dia 26 de junho, mais de 4 mil equipamentos de proteção individual
(EPIs) para a Fundação Nacional do Índio (Funai), em Belém. Os materiais serão
usados pelos servidores da instituição durante a distribuição de cestas básicas
aos indígenas.
A
Secretaria atendeu a uma demanda da Funai, a fim de garantir segurança à
distribuição de cestas básicas, fruto de parceria com a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab). Foram entregues mil aventais, mil gorros, mil luvas de
procedimentos, mil máscaras descartáveis, 50 óculos de proteção e 60 testes
rápidos para realização da triagem dos servidores que acompanharão a entrega
das cestas básicas.
Os
materiais também beneficiarão os servidores nos municípios assistidos pelas
coordenações da Funai do Baixo Tocantins (em Marabá), Centro-Leste do Pará (em
Altamira), Kayapó Sul do Pará (em Tucumã) e Tapajós (em Itaituba).
A Sespa
também executa medidas preventivas e assistenciais para as populações
indígenas, trabalhando em conjunto com os Distritos Sanitários Especiais
Indígenas (DSEIs).