
Joao Carlos Rodrigues 22 de junho de 2020 (Foto: )
Há aproximadamente 15 dias, o
Hospital Municipal de Marabá (HMM) passou a contar com máscaras especiais no
tratamento de pacientes da covid-19 que apresentam acometimento pulmonar. As
máscaras de mergulho são adaptadas e estão sendo utilizadas para a realização
de ventilação não invasiva, melhorando os níveis de oxigenação e diminuição do
desconforto respiratório do paciente, evitando assim a intubação.
Ao todo, seis destes equipamentos
foram doados ao HMM pela Organização Não-Governamental (ONG) Expedicionários da Saúde (EDS), com sede em Campinas (SP). A doação
faz parte da missão desenvolvida pela EDS durante a pandemia no País, sobretudo
no Norte. Hospitais de Belém, Santarém, Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro
também já utilizam as máscaras.
De acordo com Victor Luiz de Paula
Souza, voluntário na ONG, a partir da máscara de mergulho foi criada uma
solução de ventilação não invasiva, que é um importante tratamento nos casos de
covid-19.
Segundo Souza, a solução é simples,
econômica e eficiente na medida em que tem ajudado pacientes de todo o Brasil a
se recuperarem mais rapidamente sem a necessidade, na maioria dos casos, de
serem conduzidos para uma terapia invasiva. Ou seja, que depende de
respiradores artificiais.
“Elas podem ser utilizadas em
enfermarias comuns ou hospitais de campanha com menor nível de especialização
das equipes de saúde. A vantagem da máscara em relação aos equipamentos
tradicionais é que ela filtra todo o ar respirado pelo paciente gerando menos
risco de transmissão do vírus para os profissionais de saúde”, destaca o
voluntário da EDS.

Novos acessórios são importantes no tratamento da
covid-19
No HMM, três pessoas já conseguiram
se recuperar com a ajuda das máscaras. A restrição é somente para os casos de
pacientes com nível de consciência rebaixado e insuficiência respiratória
grave, como explica a fisioterapeuta Thaynara Mesquita Gomes.
Ela enfatiza que parte dos pacientes
com covid-19 acaba desenvolvendo complicações pulmonares. Por isso, a
ventilação não invasiva é utilizada logo no início do tratamento a fim de
melhorar a capacidade pulmonar deles.
“Utilizando essas máscaras à gente já
conseguiu ver uma melhora importante no quadro dos pacientes evitando que fosse
realizada a intubação orotraqueal, o que aumenta o risco de morte. Percebemos
uma melhora significativa e conseguimos acelerar a alta hospitalar dos
pacientes” explica a profissional de saúde.
Para a médica intensivista Tatiana
Carvalho, a chegada das máscaras foi importante para o município no combate à
covid-19. “A ventilação não invasiva é uma alternativa aos pacientes em
insuficiência respiratória orotraqueal antes de progredir para uma intubação.
Sem dúvida, a doação das máscaras com o uso em vários hospitais, foi extremamente
importante pra nós em Marabá. Foi um ganho muito grande pra nossa cidade e
contribui bastante na luta contra a covid-19”, afirma a médica.
Vale ressaltar que a intubação é um
procedimento pelo qual o médico introduz um tubo na traqueia do paciente, pela
boca ou nariz, para mantê-lo respirando quando alguma condição impede sua
respiração espontânea.
Doações
As máscaras de mergulho adaptadas são
produzidas e doadas pela Decathlon/ Motiro e distribuídas por Expedicionários
da Saúde/Saúde Alegria/ Solidários da Saúde, ONGs, que contribuem com os
serviços de saúde na Amazônia. O primeiro lote de 2.200 máscaras foi entregue
ao SUS, sem custos. O equipamento é adaptado para ventilação não invasiva, de
uso possível em áreas remotas.
Victor Luiz de Paula Souza,
voluntário da Associação Expedicionários da Saúde (EDS), explica que a ideia
surgiu na Itália e no Brasil foi adaptada à realidade local pelo grupo Motiro.
A engenheira de produção mecânica,
Adriana Miralles Schleder, professora na Unesp, destaca que o grupo Motiro é
formado por 18 profissionais das diversas áreas tais como, engenheiros,
advogados, médicos e fisioterapeutas. E também contam com a parceria com
empresas privadas na doação de materiais e serviços para adaptação dos
equipamentos.
Para o engenheiro mecânico Alexandre
Barbosa, também voluntário do projeto, a solução é adequada tanto do ponto de
vista do paciente, quanto do profissional. Por isso, agora a ideia é aumentar o
número de doações de máscaras para a ONG trabalhar na adaptação das mesmas.
“A gente vai precisar de parcerias que possa nos
ajudar porque a gente quer manter a filosofia de entregar, o máximo de máscaras
gratuitamente para o SUS”, comenta o engenheiro. (Fonte: Ascom PMM)