
Médicos que atuam em hospitais como o de campanha montado no Hangar continuarão prescrevendo a cloroquina, diz a Sespa (Marco Santos / Agência Pará) (Foto: Jornal O Niquel)
No Pará não
haverá mudança em relação ao tratamento da covid-19, doença provocada pelo
novo coronavírus. Foi o que disse a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa),
nesta quinta-feira (28). A Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a
cloroquina da lista de drogas que seriam testadas para tratamento da covid-19
no programa internacional Solidarity. A entidade anunciou a suspensão dos
testes com hidroxicloroquina, para avaliar a segurança do medicamento, na
última segunda-feira (25).
A Secretaria
informou também que há vários medicamentos disponíveis, adquiridos pelo Estado
e também fornecidos pelo Ministério da Saúde (MS). “A Sespa segue com a
mesma posição de sempre: respeita a autonomia do médico, sua prescrição e
define que o paciente deve participar da decisão pelo uso ou não de
qualquer medicamento”, afirma a Sespa, em nota. A reportagem aguarda da
Sespa informação dos nomes dos medicamentos disponíveis pela Sespa e pelo MS no
Pará.
O uso das duas
drogas é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. No último dia 20, o
Ministério da Saúde alterou o protocolo para ampliar o uso também por pacientes
com sintomas leves de Covid-19. Até então, a permissão era para pacientes
graves e críticos e com monitoramento em hospitais.
Já os governos
da França, da Bélgica e da Itália deixaram de usar a hidroxicloroquina no
tratamento de pacientes de covid-19 depois que a OMS anunciou a suspensão dos
testes da organização com a droga, para avaliar a segurança de seu uso em casos
de infecção por coronavírus.
Estudo publicado
na revista médica inglesa Lancet com dados de 96 mil pacientes indica que as
duas drogas – hidroxicloroquina e cloroquina – estavam relacionadas a maior
mortalidade. A publicação do estudo foi feita na sexta-feira (22).
Opas não recomenda uso das medicações
Na terça-feira
(26), o gerente de Incidentes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),
Sylvain Aldighieri afirmou que a entidade não tem recomendado o uso da
cloroquina nem da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19.
Durante
entrevista coletiva virtual da entidade, Aldighieri lembrou que na última
semana surgiram artigos científicos em duas publicações importantes, British
Medical Journal e The Lancet, mostrando que os medicamentos não seriam
eficientes e também aumentariam o risco de arritmias cardíacas.
Aldighieri
lembrou que a OMS decidiu suspender os testes com hidroxicloroquina em seu
ensaio clínico Solidariedade (Solidarity Trial). A OMS afirmou ontem que irá
revisar sua postura sobre esse medicamento, à luz das informações já
disponíveis nos testes, para anunciar em até duas semanas sua posição sobre
ele. O gerente da Opas lembrou que alguns países, de qualquer modo, têm
incluído a hidroxicloroquina em seus estudos contra a covid-19.
Fonte: O
Liberal