Bancada do Pará
A Coluna em
números
A partir
desta última Coluna do ano, publicaremos uma série que resume a atuação
parlamentar da bancada do Pará no Congresso Nacional, neste 2023. A primeira
Coluna de 2023, foi a edição n° 237, publicada no dia 6 de janeiro, dois dias
antes dos Atos de 8 de Janeiro, que balançaram a República.
Edições
Foram 52
edições publicadas, com esta de hoje, a última do ano, mas a primeira da série
que resumirá o que fizeram as Excelências no ano que se encerra no próximo
domingo (31). Os leitores terão detalhes da atuação dos deputados e senadores
paraenses. Esse trabalho é imprescindível para que os eleitores do segundo
maior estado em dimensões territoriais do Brasil e o maior Colégio Eleitoral do
Norte tenham uma referência para o seu escrutínio pessoal. Trata-se da maior
cobertura da imprensa paraense sobre o dia-a-dia dos congressistas do estado do
Pará.
Pluralidade
Exceto o
Diário do Pará, que como o Blog do Zé Dudu mantém um
correspondente em Brasília, que entretanto não aborda o trabalho de todos os
deputados e senadores do Pará por razões óbvias, o Blog procura ouvir todos os
deputados e senadores, independentemente do partido. Alguns subestimam o
veículo, que é a quarta maior audiência do Pará na internet. Muitos desses
parlamentares simplesmente não atendem os pedidos de posicionamento do
correspondente. E quem perde são eles próprios.
Menor do
que deveria
A última
edição do ano da Coluna Direto de Brasília, desta 1ª Sessão Legislativa
Ordinária da 57ª Legislatura do Congresso Nacional, começa com o registro
essencial que remete ao dia 25 de agosto, quando o Supremo Tribunal Federal
(STF) decidiu que o Legislativo Federal atualize o número de deputados, por
estado, na Câmara. Como se sabe, o Senado não terá alterações, uma vez que cada
estado elege dois senadores num pleito e mais um, no pleito seguinte e a cada
quatro anos, numa alternância de complementação sempre de três vagas para cada
um dos 26 estados e do Distrito Federal.
Censo
Por
unanimidade, os ministros da Suprema Corte definiram que os congressistas terão
até 30 de junho de 2025 para aprovar a revisão com base no Censo de 2022, cujos
números só foram divulgados em 2023, Caso não haja nova lei, a mudança caberá
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Projeções apontam que 14 estados podem
ter mudanças na Câmara e nas Assembleias Legislativas.
Aumento da
bancada
Na prática,
significa que as mudanças serão feitas a partir de uma redistribuição das
cadeiras já existentes. A revisão será válida para as eleições de 2026, com
mandatos iniciados em 2027.
Alterações
Se após
prazo determinado pela Justiça ainda não houver regra pronta, caberá ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinar a revisão até 1º de outubro de
2025. Ao determinar a atualização, o ministro relator do caso, Luiz Fux,
considerou que houve omissão do Congresso em relação ao tema e que isso tem
impactos para a democracia.
Confira
como é e como ficará a nova distribuição das bancadas
O Pará,
aviltado há décadas com menos deputados do que deveria possuir, atualmente têm
17 deputados federais e a partir da nova regra, passará a contar com 21
cadeiras na Câmara dos Deputados, um aumento de quatro deputados.
Projeção do número de deputados por estado*
|
Estado
|
Bancada atual
|
Bancada atualizada
|
Acre
|
8
|
8
|
Alagoas
|
9
|
8
|
Amazonas
|
8
|
10
|
Amapá
|
8
|
8
|
Bahia
|
39
|
37
|
Ceará
|
22
|
23
|
Distrito Federal
|
8
|
8
|
Espírito Santo
|
10
|
10
|
Goiás
|
17
|
18
|
Maranhão
|
18
|
18
|
Minas Gerais
|
53
|
54
|
Mato Grosso do Sul
|
8
|
8
|
Mato Grosso
|
8
|
9
|
Pará
|
17
|
21
|
Paraíba
|
12
|
10
|
Pernambuco
|
25
|
24
|
Piauí
|
10
|
8
|
Paraná
|
30
|
30
|
Rio de Janeiro
|
46
|
42
|
Rio Grande do Norte
|
8
|
8
|
Rondônia
|
8
|
8
|
Roraima
|
8
|
8
|
Rio Grande do Sul
|
31
|
29
|
Santa Catarina
|
16
|
20
|
Sergipe
|
8
|
8
|
São Paulo
|
70
|
70
|
Tocantins
|
8
|
8
|
Fonte: Diap
*com base no Censo de 2022
Os
congressistas
Cabe a um
deputado federal e a um senador desempenhar um papel previsto na Constituição.
Essencialmente, eles exercem um trabalho como o de qualquer outro funcionário
público. São remunerados para isso, mas há distorções no sistema representativo
brasileiro, que vão além da forma como são eleitos os representantes do povo e
que precisam ser questionados e, de preferência, modificados.

Reunião da
Bancada do Pará
Cotão
A primeira
das modificações necessárias, e talvez a mais urgente, está relacionada à verba
de representação paga aos deputados e senadores. Uma parcela considerável dos
513 deputados e 81 senadores age de forma desonesta ao utilizar o Cotão. Há
alguns anos era a “farra das passagens aéreas”, depois a “farra dos
abastecimentos e aluguéis de veículos” e mais recentemente a da autopromoção
dos mandatos.
Peculato e
apropriação indébita
Os
deputados e senadores vigaristas têm escapado das investigações das infames
ocorrências de “rachadinhas”, quando o congressista contrata um assessor e fica
com uma parte do salário desse auxiliar.
Abastecimento de veículos em empresas de parentes e até sócios têm sido comuns,
mas nunca foram punidas com a perda do mandato. Assim como gastos abusivos de
autopromoção. Isso levanta suspeita da idoneidade do congressista, que pode ter
montado um esquema com uma gráfica de um conhecido, por exemplo, e ficar com
parte do pagamento. Como já dito, pode ser legal, mas a prática é imoral e tem
de acabar. Trata-se, antes de tudo, de enriquecimento ilícito e tem de ser
punido exemplarmente.
Imagem
arranhada
Nesta
semana, a deputada federal mais votada do Pará, uma médica, casada com o também
médico Dr. Daniel, prefeito de Ananindeua e ex- presidente da Assembleia
Legislativa do Pará, Drª Alessandra, eleita pelo MDB, ganhou as páginas dos
principais veículos da imprensa tradicional e nas redes sociais, por utilizar
quase toda a sua cota parlamentar para autopromoção.
Chuva de
panfletos
Drª
Alessandra não viu nada de errado e disse que é perfeitamente normal gastar R$
445,8 mil — 90% de toda a cota que ela gastou neste ano — para a finalidade de
autopromoção. A deputada novata pagou, para uma única empresa, R$ 278,6 mil, ao
custo de mais de R$ 1,00 para os 270 mil panfletos que mandou imprimir. A
Câmara a ressarciu integralmente pelos gastos. Não é ilegal, mas é imoral a
atitude da estreante paraense, ela goste ou não. Se quiser se criar na
política, escolheu o caminho errado e não vai prosperar se continuar com a
detestável prática.
Mais
trabalho, deputados
Cabem duas
missões primordiais aos deputados: legislar e fiscalizar. O ocupante ou a
ocupante de uma cadeira na Câmara ou no Senado podem propor e debater mudanças
na própria Constituição, apresentando um projeto de emenda à Constituição ou
apresentar projetos de lei sobre os mais variados temas. Também é função dos
integrantes da Câmara dos Deputados e do Senado monitorar a atuação do Poder
Executivo, por meio de requerimentos de informações, convites e convocações de
autoridades, ou mesmo denúncias de eventuais irregularidades aos órgãos
competentes.
Suplente
Composta de
17 deputados federais e três senadores, há anos a Bancada do Pará no Congresso
Nacional é aviltada porque deveria ter 21 deputados federais. Numa
quinta-feira, 3 de agosto, o deputado federal Celso Sabino, presidente estadual
do União Brasil, foi nomeado para o ministério do Turismo, e o suplente, Hélio
Leite, assumiu a vaga até quando durar a missão de Sabino no Governo Federal.
Inédito
De forma
inédita na história política do Pará, Sabino faz dobradinha com outro paraense
no primeiro escalão neste terceiro governo de Lula (PT). Trata-se do presidente
estadual do MDB, Jader Barbalho Filho, da dinastia política Barbalho, no
comando do Ministério das Cidades. Ainda não é possível medir qual a vantagem
disso para o Estado.
Comissões
Os demais
deputados também têm como prerrogativas realizar um trabalho em uma das 30
comissões temáticas da Casa, vagas que são distribuídas conforme o tamanho de
cada bancada partidária eleita em 2022. Segundo o regimento interno da Casa,
cada deputado pode compor como titular até duas comissão e uma terceira como
suplente.
Confira abaixo onde cada deputado paraense atua nesses colegiados.
BancadaPara_Quadro1_ComissoesBaixar
Coordenadores
No dia 6 de
março, a bancada paraense realizou a sua primeira reunião. Na ocasião, senadores e deputados elegeram o
deputado federal José Priante (MDB-PA) e o senador Beto Faro (PT-PA)
coordenadores na Câmara e no Senado, respectivamente.
Atraso
inédito
Apenas em
março, como registramos, com atraso de pelo três meses, em razão da forte disputa política que
emergiu das urnas em 2022, a Câmara dos Deputados definiu apenas no dia 15 de
março os cargos de presidência e vice-presidência de 25 das suas 30 comissões
permanentes, cada um dos dirigentes com mandato de um ano. Semanas depois, as
cinco restantes tiveram as vagas preenchidas.
Duas
presidências
Na
distribuição dos cargos nas comissões temáticas, o Pará emplacou dois presidentes. O deputado José Priante (MDB-PA) foi eleito
presidente da Comissão de Meio Ambiente, e o colega, Airton Faleiro (PT-PA),
comanda a Comissão do Trabalho. Diferentemente do Senado, no qual a bancada
paraense teve de se contentar com cargos regulamentares, na Câmara dos
Deputados a representação paraense virou o jogo e conseguiu o protagonismo em
duas comissões de peso.
CPI
As
Comissões Parlamentares de Inquérito são um instrumento da minoria, dentro do
Congresso. Neste ano, foram várias as CPIs instaladas. A de maior repercussão,
a CPI Mista dos Atos de 8 de janeiro, não teve nenhum deputado ou senador
paraense na linha de frente, em compensação, na CPI dos Atos do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) teve muito barulho com a atuação dos
deputados delegados Éder Mauro e Caveira, ambos do PL. O governo atuou
fortemente para asfixiar o colegiado, mas, ao fim dos trabalhos, o relatório
apresentado foi derrubado e pouco se avançará para conter os crimes que
continuam a ser cometidos por movimentos sociais ultrarradicais com o apoio
explícito do governo.
Importância
No âmbito
nacional,duas comissões permanentes da Casa: a de Finanças e Tributação (CFT) e
a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) são consideradas a
mais importantes. Veja porque:
• As
comissões de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJC) são as últimas a analisar os projetos. As propostas que criam
gastos ou tratam de finanças públicas passam pela CFT, que avalia se estão
adequadas ao Orçamento federal. Todas as propostas passam por último pela CCJC,
que avalia se estão de acordo com a Constituição.
• Essas
análises são chamadas de admissibilidade. Se a CFT ou a CCJC considerarem que a
proposta não pode ser admitida, por não estar adequada ao Orçamento ou por ser
inconstitucional, ela será arquivada. Essas duas comissões também podem
analisar o mérito dos projetos, caso tenham sido designadas para isso.
Sem
representante
Cabe aqui
um comentário importante. Nenhum deputado do Pará tem assento na CFT. Um grave
equívoco da bancada e que têm três anos pela frente para corrigi-lo. Já na
CCJC, apenas a deputada Renilce Nicodemos — uma novata —, tem assento como
titular.
Proposições
A bancada
paraense apresentou um número razoável de proposições, dentro da média das
demais bancadas. Confira abaixo, como ficaram distribuídas as iniciativas de
cada um dos 17 deputados.
BancadaPara_Quadro2_ProposicoesBaixar
Continua na
próxima edição.
De volta na
semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
* Val-André Mutran – É correspondente doBlog do Zé Dudu em Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
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seu titular.