Criar um plano de ação
para a recuperação de áreas degradadas, a partir de um amplo processo de
escuta e consulta às comunidades e respeitando as características de cada
território. Esse é o objetivo do Plano Estadual de Recuperação da Vegetação
Nativa (PRVN), que levou a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do
Pará (Semas) a concluir, em Marabá, nesta sexta-feira (14), uma sequência de
oficinas marcadas pelo diálogo com as comunidades.
A quarta e última oficina
regional, que antes passou por Altamira, Santarém e Belém, foi realizada no sudeste
estadual, com a ampla e consistente participação dos povos indígenas,
quilombolas, comunidades tradicionais e pequenos agricultores (PIQCTAFs)

Integrando diversas
instituições públicas e privadas, a construção do PRVN conta com a
fundamental participação de representantes da sociedade civil. Com o plano, o
objetivo do o Governo do Pará é recuperar 5,65 milhões de hectares até 2030,
atuando para a recuperação das florestas e demais tipos de vegetação nativa e
com contribuições para a redução de emissões líquidas, por meio do sequestro
de Gases de Efeito Estufa (GEE).
"O PRVN é importante
para nós indígenas, porque é exatamente isso que esperamos do governo, que
faça sempre esses encontros para trazermos o nosso modo de viver. As
comunidades não são iguais, por isso que esse evento que está acontecendo
aqui em Marabá é importante, especialmente para as comunidades indígenas,
porque muitas informações das políticas públicas não chegam até as
comunidades tradicionais. Então eu peço que todo programa ou encontro venha
fazer essa consulta às próprias comunidades tradicionais, para que possamos
passar os nossos saberes sobre como recuperar as nossas árvores nativas da
nossa região", pediu Arukapé Suruí, liderança indígena do município de
São Geraldo do Araguaia.
Renata Nobre, diretora de
Bioeconomia, Mudanças Climáticas e serviços Ambientais da Semas, destaca a
característica de construção coletiva do PRVN. "O plano tem o propósito
de incentivar novas metodologias de produção e, principalmente, proporcionar
a restauração de áreas degradadas, subutilizadas, que são um grande passivo
no nosso estado. Além disso, esse plano também vem promover uma mudança de
cultura, trazendo orientação para diversas camadas da sociedade de que
existem formas de se desenvolver sem degradar as florestas, partindo de uma
premissa muito importante de valorização da floresta e dos povos que habitam
esses territórios. Estamos nesse processo de construção de forma muito
responsável e participativa, para que possamos trazer informação e para que
esse processo também seja co-construído", ressaltou.

Conhecimento
- Ilário Moraes, membro de
uma comunidade quilombola do município de Salvaterra, no Arquipélago do
Marajó, destaca a importância da união de conhecimentos para a preservação
dos territórios. "Esse evento é muito importante porque ele permite que
a gente traga o nosso conhecimento tradicional e sabemos que é fundamental
que se una o conhecimento tradicional e científico para que possamos
recuperar as áreas que foram degradadas e que hoje geram grande impacto
ambiental frente às mudanças climáticas.
Para Cátia Silene, representante indígena, a oficina é uma sinalização de uma
maior atenção do estado aos povos tradicionais. "Assim ficamos sabendo o
que está acontecendo. Antes, o estado não tinha preocupação com os povos da
floresta, então acredito que agora que essa oportunidade está chegando, então
esperamos que esses projetos saiam do papel, que nós povos tradicionais
sejamos beneficiados, fortalecendo a floresta, porque nós sobrevivemos
dela", disse.
Sobre o PRVN - Lançado pelo Governo do Pará no final de
2022, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP
27), o Plano vai implementar o Programa Estadual de Recuperação da Vegetação
Nativa, que deverá ter impacto direto na cobertura vegetal, de acordo com a
meta prevista no Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) de recuperar 5,65
milhões de hectares até 2030.
O Programa está sendo
implementado de forma participativa por órgãos e entidades públicas, setor
privado, terceiro setor, instituições de pesquisa e organizações que
representam comunidades indígenas, quilombolas, povos e comunidades
tradicionais. Com a iniciativa, o estado busca integrar diferentes
estratégias para a recuperação em seu território, formulando e implementando
instrumentos de governança e planejamento, em uma iniciativa pioneira no
Brasil.
Com a conclusão das
oficinas regionais, o próximo passo será a compilação das informações e a
realização de webinários regionais, como devolutiva das informações colhidas
durante as oficinas. Em seguida, o projeto seguirá para consulta pública
para, posteriormente, ser lançado efetivamente como um programa e para que
entre em sua fase de implementação.

|