
Senado Federal monopolizou todas as atenções do mundo político e do judiciário durante o esforço concentrado concluído há poucos dias antes do recesso legislativo (Foto: )
Esforço concentrado
Foi concluída com êxito nesta quinta-feira (2), a
semana de esforço concentrado convocada pelo presidente da Casa, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG).
A maratona teve início na terça-feira (30). O Plenário votou as indicações de
33 autoridades, além de aprovar a PEC dos Precatórios (PEC 23/2021) e a Medida
Provisória que criou o Auxílio Brasil (MP 1.061/2021), limpando as medidas
urgentes da pauta.

Balanço
Além da indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), os
senadores aprovaram 16 autoridades para embaixadas e organismos internacionais
e mais 14 para tribunais superiores, conselhos e agências.
Dois nomes foram rejeitados por não atingirem o mínimo de votos exigido nesses
casos (41): um para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e outro
para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Ministro Luiz Fux recebe André Mendonça, que teve o
nome aprovado para ocupar o cargo de ministro do STF / Foto: Rosinei
Coutinho/SCO/STF
Posse
A posse do futuro ministro do Supremo Tribunal
Federal, André Mendonça, será no dia 16 de dezembro, às 16h. A data foi
definida em uma reunião com o presidente da Corte, Luiz Fux, na tarde da
quinta-feira (2).
STF
O principal destaque entre as autoridades foi a
aprovação de André Mendonça, na quarta-feira (1º), para o cargo de ministro do
STF. No Plenário, foram 47 votos a favor, seis além do mínimo necessário, e 32
contrários. Pouco antes da votação, André Mendonça havia sido sabatinado na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em uma reunião que durou
cerca de oito horas (veja a cobertura da sabatina).

Relatora
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), relatora
na CCJ da indicação de Mendonça, declarou que essa votação foi “histórica”. Ela
destacou o fato de, pela primeira vez, uma mulher relatar uma indicação para o
Supremo Tribunal Federal. A senadora defendeu a capacidade técnica de Mendonça,
mas reconheceu que sua indicação veio carregada de polêmica e discussão,
principalmente por conta do aspecto religioso. Ela disse, porém, que ninguém
pode ser vetado por sua condição religiosa.
Precatórios
Na quinta-feira (2), os senadores aprovaram a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 23/2021, conhecida como PEC dos
Precatórios. Como foi modificada no Senado, a matéria retorna para mais uma
avaliação na Câmara dos Deputados. O relator dessa proposta no Senado foi
Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo na Casa.
Caça aos votos
Para conseguir apoio à PEC no Senado, o governo
apresentou seis versões do texto. Bezerra Coelho afirmou que as alterações na
proposta receberam o aval do Executivo.
A parte da PEC que não chegou a ser modificada pelo Senado poderá ser
promulgada antes de a Câmara analisar a nova versão.
Entenda os principais pontos da PEC
1) Mudança no indexador do teto de gastos
• O que é o teto: Regra
constitucional aprovada em 2016 que limita o aumento da maior parte das
despesas federais à inflação do ano anterior
• Como é hoje: o teto é corrigido
pela inflação medida pelo IPCA em 12 meses até junho do ano anterior
• Como fica: o valor é recalculado,
retroativamente, com base no IPCA de janeiro a dezembro; na prática, isso
amplia o teto.
2) Teto para pagamento de precatórios
• O que é precatório: dívida da União
já reconhecida pela Justiça e sem possibilidade de recurso
• Como é hoje: precatórios inscritos
no Orçamento são pagos
• Como fica: é criado um valor máximo
a ser quitado no ano (cálculo usa como base o montante pago em sentenças
judiciais em 2016 e corrige esse número pela inflação); os precatórios que
ficarem fora desse limite deverão ser pagos em outros anos; Senado reduziu o período
de vigência desse limite em dez anos
• Prioridade no pagamento:
precatórios de pequenos valores, para idosos e alimentícios terão preferência
para serem quitados no ano em que forem emitidos; Senado tirou as dívidas do
Fundef (fundo de educação) fora do teto de gastos

3) Refis a municípios
• O que diz a PEC: possibilidade de
municípios parcelarem dívidas com a União caso aprovem reformas da Previdência
locais
• Condições: Municípios terão que
comprovar mudanças específicas nas regras previdenciárias. Uma delas é que os
servidores municipais não poderão pagar alíquotas menores que os servidores da
União
Principais mudanças no Senado
• Limite para pagamento de
precatórios vale até 2026, e não até 2036
• Programa social (Auxílio Brasil)
deverá ser permanente, mas não precisa de compensação pelo aumento de despesas
(como corte de outros gastos ou criação de imposto)
• O aumento nas despesas em 2022,
após a promulgação da PEC, será usado para gastos obrigatórios, para a área
social e para a prorrogação da desoneração da folha de 17 setores
• Flexibilização para estados que
renegociaram dívidas com a União e acabaram descumprindo acordo de não romper
teto de gastos estadual
• Pagamento de precatório do Fundef
fica fora do teto de gastos; professores receberão recursos como abono
salarial, sem que a verba vire aumento de remuneração permanente

Auxílio Brasil
Os senadores também aprovaram a Medida Provisória (MP) 1.061/2021, na forma do
Projeto de Lei de Conversão (PLV) 26/2021. A matéria institui o programa
Auxílio Brasil, que substitui o programa Bolsa Família, criado em 2003. O
texto, relatado pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), segue agora para a sanção
da Presidência da República.
Avaliação
Vários senadores elogiaram o esforço concentrado.
Afirmaram que a PEC dos Precatórios vai ajudar o Brasil a superar a fome e a
miséria. A aprovação da proposta é importante porque vai ajudar as famílias a
voltarem a consumir e a movimentar a economia.
Dívida
Mas, lamentavelmente o Senado está em alta dívida com a Nação. Deliberadamente
não votou as reformas tributária e administrativa.
Se o tivesse feito, contribuiria para a busca de melhoria do ambiente
econômico, condições essas que envolvem a geração de empregos e a maior tração
para retomada da atividade econômica.
Recessão
Com a omissão, o Senado colocou uma âncora que ajuda o naufrágio econômico do
país, atiçando ainda mais a instabilidade cambial e jogando a Nação à mercê de
uma inflação descontrolada.
O Brasil está tecnicamente em recessão. Se esse era o objetivo dos senadores,
parabéns, eles conseguiram atingi-lo com louvor.

Renovação
E, para que várias das excelências não se façam de lesos, é bom lembrar que em
2022, haverá eleição para um terço das vagas (27 cadeiras), e figuras centrais
do atual jogo político precisarão renovar seus mandatos nas urnas ou escolher
outros rumos para suas carreiras.
Com o pescoço a prêmio
Estão com o pescoço a prêmio com o fim de seus
mandatos, os senadores: Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido no Senado.
Senadores que tiveram destaques na CPI da Covid, como o presidente da Comissão,
Omar Aziz (PSD-AM), e os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Simone Tebet (MDB-MS)
e Renan Calheiros (MDB-AL), que, se quiserem ter o mandato renovado, terão que
demonstrar ao eleitor — cada vez mais politizado — o que fizeram para merecer a
honra de serem reeleitos.
Lista extensa
Fazem parte ainda desse grupo, cujo mandato termina
no próximo ano, o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) e atual
presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
O amapaense teve o dissabor em 2020 de ver o irmão perder a disputa para
prefeito em Macapá, a capital do Amapá, quando era o presidente do Senado.
Adversário indigesto
Agora, terá de enfrentar a ira do eleitorado
evangélico. Ao segurar a sabatina do ex-AGU André Mendonça, indicado pelo
presidente Bolsonaro ao STF por quatro meses, ele despertou a ira das lideranças
evangélicas de todo o país.
Fonte da Coluna garante que o pastor Silas Malafaia fala sério ao dizer esta
semana que vai se mudar para Macapá no ano que vem para “melar” a reeleição de
Alcolumbre.
Levantamento garante que 40% do eleitorado amapaense é evangélico.
Dificuldades em outros estados
Os desafios serão em todo o Brasil para senadores
que buscam a reeleição. O ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL), o líder do
governo Fernando Bezerra (MDB-PE), a senadora Kátia Abreu (PP-TO), o
ex-governador mineiro Antonio Anastasia (PSD) e o ex-governador do Paraná,
Álvaro Dias (Podemos), entre outros, buscam a renovação do mandato por mais
oito anos.
Desistências
O tucanato de cara perde dois dos
seus mais influentes senadores e articuladores políticos. Os tucanos Tasso
Jereissati (CE) e José Serra (SP) também encerram seus mandatos, mas não devem
concorrer mais, por razões pessoais. Além disso, a disputa pelas 27 vagas
deverá pesar na hegemonia do próximo governo no Congresso.
Plebiscito do Tapajós II
Caiu da pauta a possibilidade de análise do Projeto
de Decreto Legislativo (PDL nº
508/2019) que autoriza novo plebiscito no Pará, propondo
consulta popular para a criação do Estado do Tapajós após desmembramento do
Pará, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, desta
vez devido ao “esforço concentrado” da Casa. Leia os detalhes aqui.

O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do presidente
do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto e do ministro do Desenvolvimento
Regional, Rogério Marinho, assinam ficha de filiação, na manhã da terça-feira
(30)
Destaque da semana
Foi selado o casamento do presidente Jair Bolsonaro
com o Partido Liberal. A expectativa de analistas é de que a legenda, até abril
do ano que vem, seja a maior da Câmara dos Deputados com 70 parlamentares. Algo
próximo a 30 deputados devem ingressar na sigla aproveitando a janela que será
aberta para isso seja feito sem problemas. Leia os detalhes aqui.

Relator, Jayme Campos (à esq.) ao lado do senador
Paulo Rocha explica a importância da aprovação da proposta
Recursos
A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA)
aprovou na quinta-feira (2), o projeto que busca proporcionar ao agricultor
acesso mais rápido a serviços de assistência técnica e extensão rural. O texto
assegura que no mínimo 2% dos recursos dos principais programas do governo para
o setor agrícola se destinem ao financiamento desses serviços.
O blog publicará matéria com os detalhes do assunto ainda hoje.
Bancada do Pará
A Bancada do Pará contribuiu com alta presença para
reforçar o quórum das sessões que aprovaram algumas das mais importantes
matérias do ano legislativo essa semana em Brasília.
Efemérides
No sábado (4), comemora-se o “Dia da Propaganda”. O “Dia da Carta ao Papai
Noel” e o “Dia do Pedicuro”.
No domingo (5), comemora-se o “Dia Mundial do Solo”.
E fechando o ciclo da semana, na quarta-feira (8), marca o “Dia da Família”.
De volta na semana que vem
Estaremos de volta na próxima semana publicando direto de Brasília, as notícias
que afetam a vida de todos os brasileiros, com as reportagens exclusivas aqui
no Blog do Zé Dudu.
Como a vacina já está disponível para todos, tome
as três doses do imunizante e continue usando máscaras, álcool em gel nas mãos
e evite lugares onde houver aglomeração de pessoas, mesmo ao ar livre.
Cuide de sua saúde e da sua família. Um ótimo final de semana a todos.
Val-André Mutran
– É correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
Contato: valandre@agenciacarajas.com.br
Esta Coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Blog do Zé Dudu e é
responsabilidade de seu titular.