
Deputado Celso Sabino é relator da segunda fase da reforma tributárias reforma do Imposto de Renda (Foto: )
Brasília – Com o
adiamento pela terceira vez a votação do projeto de lei nº 2337/2021, que
reforma o Imposto de Renda e faz parte da proposta de reforma tributária
enviada pelo governo ao Congresso, o deputado Celso Sabino (PSL-PA), relator da
proposta, afirmou que há forte articulação atuando na Câmara para que a
alíquota sobre os dividendos seja modificada.
A votação da matéria foi retirada da pauta na
quarta-feira (18) logo no início das discussões com o apoio da própria
liderança do governo na Câmara dos Deputados que sentiu que a matéria ia cair.
Neste sábado (21), fontes consultadas pela reportagem já falam em aguardar o
mínimo de duas semanas para tentar construir um texto que atenda os antagônicos
interesses em jogo.
Sabino avaliou que, apesar de vários avanços no
texto, pesou contra o projeto a volta da tributação de lucros e dividendos.
Entretanto, na quinta-feira (19), O Sebrae e 18 entidades empresariais e de
classe, divulgaram um documento de apoio ao substitutivo de Sabino. São
associações e entidades que empregam e geram empregos em vários setores e
entendem que é essencial avançar na modernização e na desburocratização
tributário brasileiro.
O manifesto deixa claro que as micro e pequenas
empresas e as pessoas físicas de menor renda serão amplamente beneficiadas por
essa reforma tributária. O texto destaca ainda que será prorrogado, por 5 anos,
programas de doações e patrocínios a projetos esportivos, relacionado à
pesquisa contra o câncer e também à saudade da pessoa com deficiência.
O documento reconhece a dificuldade quando vai à
discussão um texto que altera as regras tributárias “em um país com tantas
distorções, que permite que os mais ricos paguem proporcionalmente menos
tributos do que os mais pobres”.
Sobre a manifestação de apoio, Celso Sabino disse
que: “Sigo firme na certeza que o projeto avançará e iremos levar ao Plenário,
após entendimento dos líderes da Câmara, sempre respeitando a decisão da
maioria.”

Alterações
A sugestão do governo para compensar a ampliação da
faixa de isenção do IR para pessoas físicas e o corte dos tributos
corporativos, os dividendos serão tributados em 20%.
O relator incluiu algumas isenções, como para
empresas optantes do Simples e regime de lucro presumido com lucros anuais de
até R$ 4,8 milhões, mas não houve acordo para o avanço da tramitação.
“Nós conseguimos ajustar e resolver 100% de todas
as demandas apresentadas (pelos deputados). Agora no fim chegou o que eu
entendo que efetivamente é a principal demanda: não pagar o dividendo”, afirmou
o relator durante painel da 22ª Conferência Anual do Santander, no meio da
semana.
Sabino completou: “Há um forte lobby na Câmara de
Deputados atuando para que seja reduzida essa alíquota de dividendo, que não
seja pago, que seja postergado, que seja adiado.”
Segundo o deputado, é preciso um entendimento dos
parlamentares, líderes e do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para que a
proposta volte à pauta de votação.
Ele defendeu, mais uma vez, que a aprovação do
projeto vai implicar em forte redução da carga tributária para todas as
empresas e que a correção da tabela do IR para pessoas físicas vai beneficiar a
camada mais pobre da população.
“Mas há uma forte atuação desses interesses e
pessoas que não querem ser tributadas com os lucros e dividendos”, afirmou,
acrescentando: “Nós vivemos num país onde 21 mil pessoas no ano passado
declararam juntas uma receita de R$ 230 bilhões sem pagar um centavo de imposto
enquanto você, eu e todos os demais brasileiros aí pagamos uma alíquota de
27,5%. Então, esse aí que hoje é o principal gargalo, já que todos os outros
foram superados.”
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé
Dudu em Brasília.
Fonte Ze Dudu