De um lado,
ele pregava o Evangelho, clamava a Deus pela salvação das almas desgarradas,
proclamava cura e anunciava as boas novas da salvação. Isso acontecia em uma
cidade da Paraíba, onde era um presbítero, considerado um homem santo pela
congregação evangélica que passou a dirigir, após a morte do líder. Mas, em
Pernambuco, era o anjo da morte, um pistoleiro que matava a mando de facções
criminosas que o pagavam por isso.
Assim era a
vida dupla de Flávio Severino Vicente da Silva, de 30 anos de idade, até ser
preso, no último dia 21, na cidade de Quirinópolis, em Goiás, acusado de 11
execuções, após um ano de investigações que culminaram na Operação Juízo Final,
que teve à frente o delegado de Polícia Civil Thiago Henrique Costa.
As
instruções, com nome e localizações dos alvos de Babidy, como o
pistoleiro é conhecido, eram repassadas de dentro de presídios e, das 11
pessoas que ele matou, apenas duas não tinham vínculo com o submundo, foram
executadas por engano, como ele mesmo admitiu logo após o crime.
Dez
execuções ocorreram no município de Vicência e um aconteceu na cidade de
Machados, segundo o delegado Thiago Henrique. O policial disse que, no início
das investigações, chegou a duvidar que Babidy fosse mesmo o
assassino que a polícia procurava, dado o comportamento religioso que ele
apresentava na Paraíba, mas, depois, com o avanço das investigações, o delegado
concluiu que o acusado é um psicopata.
As
execuções eram muto bem planejadas e efetuadas com tamanha precisão, que Babidy matou
três pessoas de uma só vez, a 300 metros da Delegacia de Polícia Civil de
Vicência.
Quando o
chefe da facção da qual ele era contratado morreu, o pistoleiro, imediatamente,
fugiu para Goiás, onde, há um mês e meio, passou a morar e trabalhar, como
soldador, em Quirinópolis, onde foi preso pela Polícia Civil de Pernambuco, com
a colaboração da PC goiana.
Flávio
Severino Vicente da Silva, o Babidy, nega que tenha cometido alguma
das execuções das quais é acusado, mas a Polícia Civil afirma ter provas
irrefutáveis de que foi ele mesmo que matou as 11 pessoas, a mando de uma das
facções em guerra pelo domínio do tráfico de drogas na Zona da Mata Norte de
Pernambuco.
(Eleutério Gomes)