Redação – A Fazenda Mutamba,
localizada a poucos quilômetros do centro de Marabá, foi palco de mais um
capítulo da novela que marca a sua história. Às 19h desa terça-feira (6), uma
saraivada de tiros colocou para correr o tratorista que estava concluindo a
limpeza do pasto num trator D6. Foi o começo de mais uma noite de terror e
ameaças na propriedade, que nos últimos anos tem sido alvo de invasões e
saques. Perto dali, na entrada de uma área denominada Balão, os invasores
incendiaram uma ponte que dá acesso a outro piquete de pasto. Boletim de
Ocorrência foi registrado na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá (Deca).
O trator
foi abandonado no local e o proprietário temia que a máquina fosse incendiada,
como já ocorreu anteriormente quando uma turba invadiu a fazenda, destruiu,
incendiou e levou tudo o que viu pela frente, inclusive os pertences, tais como
móveis, utensílios domésticos e eletrodomésticos das casas dos funcionários,
demolindo-as depois. Uma verdadeira limpa foi feita na fazenda. O que não pode ser
levado foi incendiado. Parecia ter sido bombardeada, virando notícia
internacional.
Na manhã
destta quarta-feira (7), ao retornarem para buscar o trator, os funcionários se
depararam com placas escrita com letras da cor vermelha, que foram colocadas
amarradas com arame na cancela que dá acesso aos piquetes, com o aviso:
“Entrada proibida”.
Uma clara
ameaça aos funcionários que estão mobilizados desde o início da semana passada
para a vacinação de todo o rebanho da fazenda contra a febre aftosa. Outro
aviso foi escrito no próprio trator que havia sido abandonado na noite
anterior: “Aviso. O trator vai ser incendiado”. Veja o vídeo.
Uma ponte
que liga os pastos foi incendiada, impendido a passagem de qualquer veículo ou
máquina.
Os
funcionários disseram que estão ouvindo barulho de motosserras, o dia todo, que
vêm da direção da reserva ambiental da propriedade, uma das maiores do sul do
Pará. Com o auxílio de um drone, foi identificada a abertura de várias
clareiras com acampamentos improvisados para derrubar árvores comerciais para
venda clandestina. O caso já chegou ao conhecimento das autoridades, inclusive
políticos que estão com assento na CPI do MST, na Câmara dos Deputados.
Os
proprietários do espólio do fundador do empreendimento agropecuário, disseram à
Reportagem que estão cansados da tensão permanente criada pelos criminosos.
“Ninguém tem sossego para trabalhar”, protesta Sérgio Mutran, um dos herdeiros
que administra a fazenda.
Uma
representação foi feita no Ibama denunciando a derrubada das árvores da
reserva, que está preservada desde o início da formação da propriedade iniciada
há meio século. “A polícia prende, a justiça solta e volta tudo a acontecer de
novo”, contou Mutran.
A
autoridade da Deca disse ao advogado dos proprietários que fará uma diligência
no local. “É a crônica de uma invasão anunciada”, resignou-se Mutran.
