
De janeiro de 2021 a abril de 2022, o preço médio da gasolina subiu 63%, equivalente a R$ 2,95 (Foto: )
Brasília – A
escalada de aumento de preços dos combustíveis após o anuncia da 4ª alta
seguida, se tornou um pesadelo para a economia do Brasil. Com mais um aumento,
o peso no bolso do consumidor chegou no limite do insuportável. De acordo com a
Agência Nacional do Petróleo (ANP), o resultado é 0,2% maior do que o
registrado na semana passada e o maior desde que a ANP começou a fazer o
monitoramento semanal, em maio de 2004.
Em todo o Brasil, o litro da gasolina mais caro foi
registrado na cidade de Tubarão (SC), chegando a R$ 8,99. O estado com menor
valor foi o Mato Grosso do Sul, R$ 7,89 o litro.
O preço do etanol continua em alta em 19 estados,
segundo a ANP. Em outros sete estados e no Distrito Federal (DF), o preço
reduziu. Na média geral, queda de 1,77% na semana em relação à semana anterior
— de R$ 5,53 para R$ 5,44 o litro.
Em live nas redes sociais na quinta-feira (5), o
presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a Petrobras. Ele disse que é um “crime”
e um “estupro” a empresa ter um lucro “abusivo” em períodos de crise. “Faço um
apelo: Petrobras, não quebre o Brasil”, disse.
Apenas no primeiro trimestre deste ano, a
petroleira lucrou R$ 44,561 bilhões, valor 3.718,4% maior do que o lucrado no
mesmo período do ano passado.
“Eu não posso entender, a Petrobras durante crise
da pandemia e a guerra lá fora, a Petrobras faturar horrores. O lucro da
Petrobras é maior que a crise. Isso é um crime, é inadmissível”, afirmou
Bolsonaro.
Nesse ritmo de aumentos a gasolina pode superar R$
10,00 em pouco mais de um mês. O impacto na economia será brutal e pode jogar o
país numa recessão severa com graves consequências para a economia.
Maior lucro entre as concorrentes
O desempenho da Petrobras não tem similar entre as
grandes petroleiras do mundo. Na quinta-feira (5), a estatal anunciou um lucro
de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre. Embora o presidente tenha criticado
“a falta de sensibilidade social da empresa”, o governo federal é o maior
acionista, e quanto melhor o desempenho da empresa, mais dinheiro entra nos
cofres públicos.

Entre janeiro de 2019 (início do governo Bolsonaro)
e março deste ano, a Petrobras já injetou nos cofres federais R$ 447 bilhões,
levando-se em conta, além dos dividendos, os impostos e os royalties pagos. Os
números constam dos relatórios fiscais da companhia. Nesse período, o lucro
líquido foi de R$ 200 bilhões. Se a conta considerar o faturamento (R$ 1,16
trilhão), o valor transferido corresponde a 38,5% do total.
Considerando-se ainda o que a empresa paga a
Estados e municípios, o montante que entra nos cofres públicos chega a R$ 675
bilhões. Para se ter uma ideia do que isso significa, só o montante pago à
União corresponde a aproximadamente cinco vezes o orçamento do Auxílio Brasil
previsto para este ano, em torno de R$ 89 bilhões. O dinheiro também chega
perto do desembolso feito pelo governo em 2020 com gastos relacionados a
covid-19, de R$ 524 bilhões.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.