
Mesmo com alguns desafios, a Globo segue com boa posição financeira, destaca a Fitch (Imagem: Linkedin) (Foto: )
A perda de eventos esportivos importantes, — como a Libertadores, jogos
da seleção brasileira e a Fórmula 1 —, além da saída de estrelas de um pedaço
de seu elenco de artistas e apresentadores, levantaram alguns rumores sobre a
saúde financeira da Globo, a maior rede de comunicações da América Latina.
Apesar disso, a emissora segue com um caixa robusto e uma boa posição
financeira, revela a Fitch.
No começo do mês, a agência classificadora de risco atribuiu um rating
BB para uma proposta de emissão de dívida no valor de US$ 400 milhões.
A empresa usará os recursos para amortizar antecipadamente parte de suas
notas com vencimentos em 2025 e 2027.
“O caixa líquido da Globo e sua forte posição competitiva no setor
brasileiro de mídia sustentam seu rating em moeda local, apesar da queda de seu
desempenho operacional nos últimos anos, devido à migração das receitas de
publicidade para outras plataformas e ao impacto negativo da pandemia”, coloca
a agência.


Boa posição financeira
A Fitch destaca que a Globo possui uma das estruturas financeiras mais fortes
da região, sustentada por sua posição líquida de caixa.
Enquanto o conglomerado possui caixa e aplicações financeiras de R$ 12
bilhões, a sua dívida está na ordem de R$ 5,7 bilhões.
A empresa deve manter ainda um caixa líquido de R$ 7 bilhões a R$ 10
bilhões, projeta a agência.
“A magnitude destes recursos proporciona à empresa significativa
flexibilidade financeira, apesar da desvalorização do real frente ao dólar. A
Globo tem flexibilidade para adiar ou reduzir o pagamento de dividendos”,
coloca.
Em 2021, a Globo fechou o ano com receita líquida de R$ 14 bilhões e
Ebitda (que mede o resultado operacional) de R$ 122 milhões, com margem de
0,9%.
Apesar disso, só o reagendamento de jogos de futebol custou à emissora
cerca de R$ 503 milhões em impactos no Ebitda.
Em 2022, a receita líquida deve crescer 11%, para R$ 15,7 bilhões,
principalmente devido ao aumento do número de assinantes da Globoplay, enquanto
o Ebitda de R$ 891 milhões levará a uma margem de 5,7%, calcula.
Televisão perdeu grande importância nos últimos anos (Imagem:
Divulgação)
Desafios
A perda de audiência da televisão é o maior desafio que a Globo terá que
enfrentar, destaca a Fitch.
Programas tradicionais, como o Jornal Nacional e o Fantástico, vêm
perdendo pontos de audiência ano após ano, apesar da emissora segurar a
liderança.
Em 2021, a empresa respondia por 34% da audiência televisiva nos
primeiros meses do ano, chegando a 39% no horário nobre.
A Fitch lembra, porém, que o mercado brasileiro de TV paga enfrenta uma
retração – no final de 2020 havia 14,8 milhões de assinantes, 24% menos que os
19,5 milhões de 2014.
“A estratégia da Globo para enfrentar as mudanças no mercado e o
declínio de seu negócio de transmissão de TV tradicional incluiu o lançamento
da Globoplay”, pontua.
Segundo a Fitch, o número de assinaturas da Globoplay aumentou
rapidamente — 27% no período de 12 meses encerrado em setembro de 2021.
Já a participação de conteúdo e da programação nas receitas deve chegar
a 40% em 2022, contra 36% em 2019.
“A Globoplay está expandindo sua base de assinantes por meio de ofertas
de pacotes e parcerias, que devem continuar desempenhando um importante papel
estratégico”, completa.