
Estados querem mais dinheiro do governo federal para enfrentar 2ª onda da Covid-19 (Foto: Jornal O Niquel)
Brasília – Ao longo de
2020, o governo federal repassou R$ 78,25 bilhões de auxílio financeiro a
estados e municípios. Contabilizada a suspensão de pagamento de dívidas, esse
socorro ultrapassa os R$ 120 bilhões. O pacote da União superou as perdas de
arrecadação dos estados em R$ 36,3 bilhões, de acordo com os cálculos do
Insper, todavia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul fecharam 2020 no vermelho.
Pará está no azul, mas teve resultado inferior ao ano anterior.
O pacote de socorro bilionário feito pela União para minimizar os impactos da
pandemia da Covid-19, de acordo com o Relatório Resumido de Execução
Orçamentária (RREO), divulgado pelo Tesouro Nacional na sexta-feira (19),
aponta apenas dois estados com resultado orçamentário negativo — quando as
receitas realizadas são inferiores às despesas empenhadas no período.
Minas Gerais e Rio Grande do Sul fecharam com
resultado negativo de R$ 2,85 bilhões e R$ 592,3 milhões, respectivamente.
Apesar de terem ficado no vermelho, conseguiram diminuir o tamanho do buraco na
comparação com 2019, quando encerraram o ano com déficit de R$ 8,6 bilhões
(Minas Gerais) e R$ 3,4 bilhões (Rio Grande do Sul).
Outros seis estados que tiveram resultados
orçamentários negativos em 2019 conseguiram reverter a situação em 2020 e
ficaram no azul. Foi o caso de São Paulo, Tocantins, Sergipe, Piauí, Maranhão e
Rio Grande do Norte.
Em contrapartida, Espírito Santo, Pará e Rio de
Janeiro, apesar de terem obtido resultado positivo, tiveram desempenho inferior
em 2020 na comparação com 2019. No Espírito Santo, o resultado orçamentário
encolheu 59,9%, enquanto Pará teve recuo de 21,2% e o Rio de Janeiro, 2,4%. Em
2020, o superávit do Pará atingiu R$ 1.278.550.000,00.
Quadro demonstrativo. Fonte: Tesouro Nacional
Os demais estados tiveram resultados positivos e
avançaram em relação ao ano anterior.
Estados se preocupam com piora da pandemia
O Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos
Estados e DF (Comsefaz) aguarda a resposta da carta encaminhada aos ministérios
da Saúde e Economia, na quinta-feira (18), demonstrando preocupação com o
recrudescimento da pandemia e pedindo a liberação de mais recursos para
enfrentamento da segunda onda da Covid-19.
Dentre outras coisas, a carta pede aos ministérios a liberação do pagamento
pelo SUS de mais leitos de UTI para ampliar atendimento de casos graves da
Covid-19, e urgência no envio de vacinas. Nove estados paralisaram a campanha
de vacinação nesta segunda-feira (22), por falta de insumos.
O Comsefaz não estimou qual seria o total de
recursos que a União precisaria aportar, mas a solicitação era específica para
reforçar o investimento em saúde.
“Urge um imediato aporte de novo orçamento de
auxílio aos Estados. O investimento na rede de atenção e vigilância pressupõe
novos investimentos tecnológicos na rede de frio, testagem e transporte, assim
como mobilização de recursos humanos e materiais para garantir adequada
estruturação dos hospitais”, argumentaram os secretários.
Em nota, o Ministério da Saúde garantiu que não
faltarão recursos. A pasta disse que pediu R$ 5,2 bilhões para custeio de
leitos de UTI para tratamento de Covid-19, solicitação que foi reduzida para R$
2,8 bilhões “negociáveis, caso haja necessidade e demandas dos estados”.
Segundo o órgão, não haverá redução no custeio de leitos.
A expectativa é que, com a aprovação do Orçamento,
haja liberação de recursos suficientes para a pandemia, sem necessidade de
aportes. A tramitação do projeto de lei orçamentária, que normalmente ocorre no
fim do ano anterior, está atrasada e deve ocorrer nas próximas semanas.
Já o Ministério da Economia, que não havia recebido
oficialmente a carta do Comsefaz, disse que qualquer solicitação deve ser
formalizada com o detalhamento dos recursos necessários aos estados.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.