
Enfermeiros ameaçam greve nacional em março (Foto: )
O Fórum Nacional da Enfermagem convocou paralisação
nacional para o dia 14 de fevereiro em defesa do piso salarial nacional da
categoria, por meio de redes sociais, nesta segunda-feira (30). De acordo com
representantes, a entidade também ameaçou greve geral para 10 de março, caso a
questão da fonte pagadora do piso não seja resolvida até lá. “Chega de
enrolação. Chega de espera! A Enfermagem não aguenta mais e merece ser
valorizada!”, escreveram.
De acordo com o deputado federal Bruno Farias
(Avante-MG), a convocatória é necessária para pressionar o governo a editar a
medida provisória que garantirá o repasse dos fundos. Caso o governo não edite
a MP, o grupo acionará a greve geral, conforme o parlamentar.
Também por meio de redes sociais, representantes do
Fórum Nacional de Enfermagem informaram à categoria sobre os próximos passos da
mobilização nacional. “Se o piso não chegar ao contracheque dos trabalhadores,
a Enfermagem vai entrar em greve a partir do dia 10 de março. Chega de
enrolação. Chega de espera! A Enfermagem não aguenta mais e merece ser
valorizada!”

Suspensão no STF
A consolidação de um piso salarial nacional da
enfermagem se arrasta há 30 anos. Estudos recentes mostram que o cumprimento do
piso exigiria um montante estimado de R$ 16 bilhões.
O imbróglio levou o Supremo Tribunal Federal (STF)
a suspender a vigência da legislação, mesmo após a aprovação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que direciona recursos para o setor público e para
as entidades filantrópicas e prestadores de serviços, desde que atendam a, pelo
menos, 60% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Conforme assumido com a enfermagem brasileira, não
será na semana que vem que este projeto seguirá para sanção presidencial, mas
sim tão logo garantirmos o respectivo financiamento”, disse a relatora da
proposta, a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC).
A questão parecia ter chegado ao fim no ano
passado, com a aprovação da lei pelo Congresso Nacional. Publicada em agosto de
2022, a legislação confere 50% do valor a técnicos de enfermagem e 35% a
auxiliares e parteiras.
Em setembro, contudo, a lei foi suspensa pelo
ministro do STF, Luís Roberto Barroso, ao manifestar parecer favorável em uma
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pela Confederação Nacional de
Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde), que apontava a falta
de uma fonte pagadora para o cumprimento do piso, o que levaria o setor a
realizar demissões e extinguir leitos.
Após a decisão, o Congresso aprovou uma Proposta de
Emenda à Constituição que viabilizaria o pagamento do piso da enfermagem (PEC
42/2022), promulgada em dezembro pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). A
medida direciona recursos do superavit financeiro de fundos públicos e do Fundo
Social para custear o piso salarial nacional da enfermagem no setor público,
nas entidades filantrópicas e de prestadores de serviços, com um mínimo de
atendimento de 60% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Contudo, a proposta não vingou, uma vez que o
ministro atendeu às novas alegações da CNSAúde e amicus curiae para o não
cumprimento do piso por empresas de saúde privadas, alegando falta de recursos.
Grupo de trabalho
No último dia 19, a ministra da Saúde, Nísia
Trindade Lima, se reuniu com parlamentares e com o Fórum Nacional da
Enfermagem, formado por oito entidades. A coordenadora do Fórum, Líbia
Bellusci, destacou os resultados do encontro. “A reunião foi muito produtiva e
saímos com grandes expectativas de que o governo federal solucione o pagamento
do piso. Estaremos dialogando e cobrando diariamente. A enfermagem terá sua
merecida valorização”, afirmou.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog
do Zé Dudu em
Brasília.