
Mina S11D em Canaã dos Carajás, máquinas pesadas trabalham na extração de minério no Pará (Foto: )
Brasília –
Instituído pelo presidente da Câmara dos Deputados em 22 de junho de 2022, o
Grupo de Trabalho destinado a debater e elaborar proposição legislativa com a
finalidade de alterar o Decreto-Lei no 227, de 1967, o Código de Mineração,
presidido e relatado pelo deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), entrou
na reta final para apresentação e votação do relatório final com a realização
de audiência pública na quarta-feira (23) para ouvir instituições ligadas à
produção de ouro e à garimpagem.
Entre as contribuições ao debate, os participantes
criticaram lentidão da Agência Nacional de Mineração na análise de processos
que tramitam no órgão, enquanto que Cooperativas de garimpeiros e entidades do
setor de rochas ornamentais apresentaram sugestões ao grupo de trabalho da
Câmara dos Deputados encarregado de propor um novo Código de Mineração.
O representante da Organização das Cooperativas do
Brasil (OCB), Alex Macedo destacou a ideia já incluída no último relatório do
colegiado de um leilão social, modalidade exclusiva para regime de permissão de
lavra garimpeira (PLG).
“Ter esse dispositivo no código traria mais
segurança jurídica para agência [Agência Nacional de Mineração (ANM)] e também
para as nossas cooperativas. E isso reforça o preceito constitucional de
incentivo à organização da atividade garimpeira em cooperativas”, disse.
De acordo com a Constituição, o Estado brasileiro
deve favorecer a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando
em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
garimpeiros. Assegura ainda prioridade às cooperativas em autorização ou
concessão para pesquisa e lavra de recursos e jazidas.
Aprovação
tácita
O representante da OCB também defendeu dispositivo
que prevê a aprovação tácita de título para a permissão de lavra garimpeira ou
licenciamento caso a agência não processe o pedido no prazo de um ano. A
proposta é tida como polêmica por setores da mineração.
Durante o debate, o relator do colegiado, deputado
Joaquim Passarinho, que propôs o debate, adiantou, no entanto, que deverá
retirar a aprovação tácita do texto que pretende apresentar na próxima semana.
Ele considera o dispositivo perigoso.
“Uma aprovação tácita faz com que a morosidade do
poder público, por conta de uma greve, da paralisação de um setor, de um
funcionário, inviabilize um parecer e acabe permitindo um empreendimento de
mineração com alto índice de contaminação. É muito difícil para nós, na
Amazônia, aceitarmos uma atividade mineral sem licenciamento ambiental”, disse
o relator.
Guilherme Willi Aggens, da Cooperativa do
Garimpeiro Legal (CGL), afirmou que a aprovação tácita é polêmica e defendeu
que ela seja adotada apenas em algumas situações, como nos processos de cessão
de direito de uso de um titular para outro.
Morosidade
A falta de agilidade em processos e autorizações da
ANM foi também tema de discussão. O consultor jurídico da Associação dos
Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig), Rogério Moreira
afirmou que a aprovação tácita de permissões para lavra garimpeira significa
reconhecer a falência da ANM.
“Temos de trabalhar no sentido de fortalecer a Agência
Nacional de Mineração, de repente conseguindo resgatar o Projeto de Lei nº 4.054/2019,
do próprio deputado Passarinho”, disse.
O texto em questão proíbe que os recursos da
Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) destinados à
ANM sejam bloqueados pelo governo.
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de
Rochas Ornamentais (Abirochas), Paulo Orciolli também ressaltou a necessidade
de a ANM ser mais ágil. “A ANM cabe fiscalizar rigidamente e outorgar esses
títulos com rapidez. Hoje um relatório final de pesquisa leva anos para ser
aprovado; um plano de lavra, então, décadas”, declarou, o que inviabiliza
investimentos novos no setor.
Ex-diretora da ANM, Debora Puccini defendeu que a agência tenha um perfil mais
regulador e não apenas fiscalizador e punitivo.
Debatedores
Foram convidados para o debate:
– o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais
(Abirochas), Paulo Orciolli;
– o consultor jurídico da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais
e do Brasil (Amig), Rogério Moreira;
– o representante da Cooperativa dos Garimpeiros e Mineradores do Brasil (Coogamibra)
Hermes Galdino;
– o representante da Cooperativa do Garimpeiro Legal (CGL) Guilherme Willi
Aggens;
– o representante da Organização das Cooperativas do Brasil – OCB Alex dos
Santos Macedo;
– o representante da Representante da Cooperativa dos Garimpeiros de Moraes
Almeida e Transgarimpeira – Coopertrans Pedro Antônio Rodrigues de Mello
Junior;
– A ex-Diretora da Agência Nacional de Mineração – ANM Debora Toca Puccini e
– o vereador de Itaituba/PA, deputado estadual eleito Wescley Tomaz.
Relatório
Para o relator do colegiado, deputado Joaquim
Passarinho (PL-PA), que solicitou a audiência, é essencial fomentar o debate
com o maior número de instituições vinculadas ao setor mineral, com a
finalidade de obter os subsídios necessários para a proposição de um novo marco
regulatório.

O dep. fed. Joaquim Passarinho (PL-PA), acredita
que na próxima semana o relatório final do Grupo de Trabalho será apresentado e
votado
“A Constituição Federal assegura prioridade às
cooperativas para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais
garimpáveis. Nesse sentido, os debates devem incluir esse importante segmento
econômico”, disse o deputado.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.

