O Pará apresentou na COP 27 as estratégias que estão garantindo ao
Pará um avanço inédito na regularização ambiental e rural, a partir da
implementação do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA). Nos últimos três anos,
o estado saltou de 1.800 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) analisados para
119 mil, reduzindo uma expectativa de conclusão das análises de 150 anos para
cerca de seis ou sete anos.
Esse foi um dos pontos apresentados neste sábado (12) pelo
representante da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará
(Semas) que participou da Mesa de Diálogos "Avanços da Regularização
Ambiental e Fundiária dos Estados do Pará e do Acre", que compõe o
Painel 14 do Hub Amazônia da COP 27. O secretário adjunto de Gestão e
Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos, apontou estes e
outros dados atualizados do Programa Regulariza Pará, a plataforma do Estado
de regularização ambiental e rural.
A palestra também teve a participação de Bruno Kono, presidente do
Instituto de Terras do Pará (Iterpa); André Schatz Pellicciotti, engenheiro
florestal e coordenador de Projetos Especiais da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre (Semapi); Paola Fernandes,
secretária de Meio Ambiente do Estado do Acre e Jaine Cubas, diretora de
Regularização Ambiental do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), além de
debatedores de diversos países.

Bruno Kono apresentou as ações estratégicas conduzidas pelo Iterpa.
"Só a legislação não resolve. Nós identificamos ações estratégicas
necessárias para andar em harmonia, andar em conjunto pra gente alcançar
nossos resultados." A meta é a de implementar uma agenda fundiária no
Pará. "O primeiro de tudo é uma decisão política. Se não houver uma
decisão do governo de tocar uma política pública, isso não vai andar. A
primeira coisa que fizemos foi a organização e sistematização de dados fundiários.
Também nos baseamos em inovação e desenvolvimento em tecnologia fundiária, em
um sistema que pode ser replicado para outros estados".


Integração - O plano de trabalho que implementa a política de regularização
ambiental de áreas quilombolas, extrativistas e de assentamentos da reforma
agrária no Pará foi um dos temas expostos por Rodolpho Bastos na COP 27.
Realizada pela Semas, por meio do Programa Regulariza Pará, a ação integrada
reúne, além de Semas, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Pará (Emater-PA), Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e
Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará
(IDEFLOR-Bio).
Entre demais avanços citados por Rodolpho Bastos na COP 27, alcançados
pelo programa Regulariza Pará, eixo do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA)
voltado para o incentivo à regularização ambiental e rural de imóveis rurais,
está também a expansão da municipalização do processo de análise e validação
de Cadastro Ambiental Rural (CAR), com 55 municípios já habilitados pela
Semas para a análise do CAR; a inscrição de 16 territórios quilombolas e de
11 territórios extrativistas no módulo PCT (Povos e Comunidades Tradicionais)
do Sicar, o Sistema Nacional de CAR; criação do Banco de Servidão Florestal
com mais de 188 mil hectares de área com excedente de reserva legal;
realização de mutirões de regularização e de capacitações sobre os
instrumentos de regularização ambiental para mais de 400 analistas, gestores
municipais e consultores; repasse de mais de R$ 270 mil aos municípios
através do imposto ICMS Verde a partir de critérios de regularização
ambiental no cálculo do tributo adotados em 2021; transparência de dados para
assegurar e melhorar acesso à informação com a criação do Portal do Programa
Regulariza Pará; estímulos à recomposição das áreas degradadas através do
Programa de Regularização Ambiental, com 59 mil hectares de áreas em
recuperação/restauração e 11 mil hectares a compensar.
O secretário adjunto da Semas destacou os dados da evolução em análise
de CAR no Pará. "Em 2019, nós tínhamos cerca de 1.800 CARs analisados
neste universo de 285 mil CARs declarados. Nos últimos três anos nós
avançamos de 1.800 para mais de 119 mil CARs analisados, em um enorme esforço
de gestão. Se a gente mantivesse este ritmo de análise que existia até 2018,
a gente levaria 150 anos para concluir todas as análises de CAR. Nós
reduzimos este tempo para cerca de 6 ou 7 anos."
Parte da estratégia de ampliação da análise de CAR está na
municipalização da análise, cita Rodolpho. "O Estado tem 285.000
cadastros ambientais rurais cadastrados. Isso alcança 83% da área cadastrável
paraense. O programa Regulariza Pará possui diferentes estratégias como a
municipalização de análise do CAR e o mecanismo de ampliação desta análise.
Nós temos metodologias diferenciadas de validação do CAR para agricultura
familiar, como os mutirões de regularização ambiental, e também estabelecemos
o Banco de Servidão Ambiental para compor um passivo para a compensação
ambiental em propriedades com excedentes florestais".
Rodolpho Bastos explicou ainda os benefícios do CAR para o produtor
rural. "A pessoa precisa ter o CAR para ter acesso a crédito bancário
rural, aposentadoria rural, fornecimento de alimentos da agricultura familiar
para a merenda escolar e para ter acesso ao mercado e cada vez mais está
exigindo CAR regularizado", avaliou.
Outra política inédita implementada no estado é a regularização de
terras de Povos e Comunidades Tradicionais (PCT), que engloba terras
quilombolas e extrativistas. "Até 2019 não havia CAR PCT no estado do
Pará. Hoje nós já alcançamos 16 CARs quilombola. Iclusive, regularizamos o
maior CAR quilombola do Brasil, de Cachoeira Porteira, com 225.000 hectares
de CAR já validados. Também temos mais 11 CARs de projetos extrativistas
analisados. Neste momento, a equipe está na região do Tapajós trabalhando o
CAR quilombola nos municípios de Óbidos e Oriximiná", concluiu.

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