Por Andreia
Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente Jair Bolsonaro se
comprometeu, hoje (22), a alcançar, até 2050, a neutralidade zero de emissões
de gases de efeito estufa no país, antecipando em dez anos a sinalização anterior, prevista no Acordo de Paris. “Entre as medidas necessárias para tanto, destaco
aqui o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, com a plena e
pronta aplicação do nosso Código Florestal. Com isso, reduziremos em quase 50% nossas
emissões até essa data”, disse Bolsonaro em discurso na Cúpula de Líderes sobre o Clima.
A neutralidade zero (ou emissões
líquidas zero) é alcançada quando todas as emissões de gases de efeito estufa
que são causadas pelo homem alcançam o equilíbrio com a remoção desses gases da
atmosfera, que acontece, por exemplo, restaurando florestas. De acordo com
Bolsonaro, “como detentor da maior biodiversidade do planeta e potência
agroambiental”, nos últimos 15 anos o Brasil evitou a emissão de mais de 7,8
bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.
Durante seu discurso, além de definir
metas e compromissos, o presidente apontou as iniciativas realizadas pelo
Brasil para a preservação do meio ambiente, como projetos nas áreas de geração
de energia limpa e de desenvolvimento tecnológico na agricultura. “O Brasil
participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito estufa,
mesmo sendo uma das maiores economias do mundo. No presente, respondemos por
menos de 3% das emissões globais anuais”, disse.
Segundo o presidente, para alcançar
as metas de desmatamento, é preciso, além de medidas de ações e controle,
promover o desenvolvimento sustentável da região amazônica, que, segundo ele, é
a mais rica do país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices
de desenvolvimento humano. “Devemos aprimorar a governança da terra, bem como
tornar realidade a bioeconomia, valorizando efetivamente a floresta e a
biodiversidade. Esse deve ser um esforço que contemple os interesses de
todos os brasileiros, inclusive indígenas e comunidades tradicionais”,
argumentou.
Bolsonaro disse ainda que é
fundamental contar com os recursos financeiros de países, empresas, entidades e
pessoas “dispostos a atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução
desses problemas”.
Os artigos 5º e 6º do Acordo de Paris
tratam sobre os procedimentos financeiros para alcançar a redução das emissões,
tema que deverá ser debatido na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança
Climática, a COP26, que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia.
“Os mercados de carbono são cruciais
como fonte de recursos e investimentos para impulsionar a ação climática, tanto
na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia, como
indústria, geração de energia e manejo de resíduos. Da mesma forma, é preciso
haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas
ao planeta, como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de
conservação”, disse Bolsonaro.
Em carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na semana
passada, o presidente Bolsonaro já havia se comprometido a acabar com o
desmatamento ilegal até 2030. Ele, inclusive, reconheceu o aumento das taxas de
desmatamento a partir de 2012 e afirmou que o Estado e a sociedade precisam
aperfeiçoar o combate a esse crime ambiental. No documento, ele também
reafirmou a necessidade de apoio econômico.
A cúpula
A Cúpula de Líderes sobre o Clima foi
organizada pelo presidente americano Joe Biden. O encontro virtual vai até
amanhã (23) e é considerado uma preparação para a COP26.
Foram convidados 40 líderes mundiais
para o encontro com o objetivo de discutir a crise climática, ações coordenadas
para combater os impactos sobre o clima e os benefícios econômicos dessas
medidas. Também haverá debates sobre as reduções das emissões de gases de
efeito estufa, necessárias para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC, uma
das metas estabelecidas no Acordo de Paris.
Durante a abertura do evento, o
presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também se comprometeu a cortar as emissões de gases de efeito estufa do Estados
Unidos entre 50% e 52% até 2030, em comparação aos níveis de 2005.
Com a nova meta, espera induzir outros grandes emissores a mostrarem mais
ambição no combate à mudança climática.
A cúpula reunirá ainda o fórum das
grandes economias sobre energia e clima, que é liderado pelos Estados Unidos e
reúne 17 países responsáveis por aproximadamente 80% das emissões globais e da
riqueza global. Um pequeno número de líderes empresariais e da sociedade civil
também participa do evento.
Edição: Fernando Fraga