Esse nome pode soar estranho, mas o
fato é que esse pode ser o seu perfil. O hiperfuncionante é aquele que toma
todas as atividades para si. Não só as de sua responsabilidade, mas a dos
outros também. Geralmente, essas pessoas têm muita energia, são organizadas,
ágeis e de fato têm facilidade e competência para fazer muitas coisas ao
mesmo tempo, resolver vários problemas. No entanto, esse tipo de
comportamento trazer consequências negativas tanto para você como para todos
ao seu redor.
Primeiro porque, certamente, você
se sente sobrecarregada, acaba gastando muito da sua energia para
realizar atividades relacionadas as outras pessoas e sempre acaba
reclamando que está cansada, que tudo sobra para você e que todos
dependem de ti para que as coisas fluam.
Outro ponto negativo desse
excessivo senso de contribuição é que quando você faz pelo outro, você tira
dele a oportunidade de aprender e o problema acaba voltando sempre para você.
Assim, criam-se ciclos de incompetentes ao seu redor. São os chamados braços
curtos, seja na família ou no trabalho. Na família, pode ser uma mãe que faz
tudo pelos filhos ou pelo marido, tirando a autonomia deles, e no trabalho,
aquele que faz tudo por todo mundo e sempre é muito requisitado. Mas nesse
caso, quando você se sente sobrecarregado e não consegue resolver um
problema, ainda corre o risco de receber cobranças, uma vez que os outros já
se acostumaram com aquele padrão de comportamento e não querem e nem sabem
resolver o problema. É a famosa ingratidão. Ou seja, você faz por eles, não
há reconhecimento e sobram cobranças.
O hiperfuncionante costuma estar
sempre de cabeça cheia, sem tempo para cuidar de si mesmo, como ir ao médico,
por exemplo, e geralmente está acima do peso, sem dar muita importância para
sua saúde e qualidade de vida.
Se você se enquadrou nessas
características, a dica é parar e perguntar: esse problema é meu? Essa
atividade é minha? Caso não seja, retire-os da sua lista e dê espaço para o
outro fazer e aprender. Ajude se for requisitada.
O exercício de perguntar ao cérebro
sobre o que realmente é de sua responsabilidade é importante para descontruir
um vício de comportamento, para colocar filtros e evitar as ações
automáticas. No fundo, o cérebro do hiperfuncionante acha que ele ganha
alguma coisa ao tomar a função do outro para si (me torno necessário, me
supervalorizo, crio dependência, evito rejeição), pois esse comportamento
está ligado diretamente com a autoestima. Pode trazer algum prazer no curto
prazo, mas não se sustenta quando o ‘multitarefa’ cai na rotina.
Sempre digo que o medo do
hiperfuncionante é ‘pifar’. Portanto, a grande dica de ação para essa
problemática é: o que não é meu devolver para quem é de responsabilidade.
Dessa forma, você vai guardar energia para suas atividades, melhorando seu
bem-estar e seu rendimento em todas as áreas da sua vida.

*Karin Panes é treinadora
comportamental, Master Coach especialista em Psicologia Positiva,
Neurocientista e CEO da Ato Solutions, empresa especializada em Consultoria,
Treinamento e Desenvolvimento Humano.
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