“Graças a Deus, o resultado deu negativo
para vaca louca. Foi confirmada uma versão atípica da moléstia, porque
tratava-se de dois animais muito idosos
Dez dias depois da medida ter sido
anunciada, Ministério da Agricultura diz que ainda não há prazo para as
exportações serem retomadas. País asiático é o principal comprador de carne
bovina do Pará
Após o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) ter informado que não há previsão para a
retomada das vendas da carne bovina brasileira para a China, já que as
exportações foram suspensas há 10 dias, quando o primeiro caso suspeito de vaca
louca foi notificado, especialistas paraenses passaram a temer que o mercado
local seja impactado de forma negativa.


Segundo a Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a China é o principal destino da
carne brasileira – e também do Pará. O Estado responde por cerca de 5,7% do
total de carne bovina e derivados exportados pelo Brasil: US$ 356,6 milhões dos
US$ 6,26 bilhões vendidos entre janeiro e agosto deste ano. E a China soma
63,34% de participação nas compras da balança comercial do Pará.
A suspensão das vendas para a China
ocorreu a partir do dia 4 de setembro, em atendimento ao protocolo sanitário
firmado entre o país e o Brasil, que determina que a medida seja tomada em caso
de identificação da vaca louca, nome popular para Encefalopatia Espongiforme
Bovina (EEB), que acontece de duas formas: atípica e clássica, sendo que a
segunda é mais grave.
“Graças a Deus, o resultado deu
negativo para vaca louca. Foi confirmada uma versão atípica da moléstia, porque
tratava-se de dois animais muito idosos. Mas a suspensão prejudica, sim, o
mercado, pois, apesar de a exportação de carne só representar 10% de tudo que o
Pará produz, as indústrias que atendem aos mercados internacionais paralisaram
ou diminuíram suas produções, e essas são as maiores do Estado, geram cada uma
em torno de 700 postos de trabalho e têm cadeia de fornecedores importantes que
serão afetadas também com a diminuição da produção. As indústrias estão fazendo
essa redução para se adequar à demanda. O Estado só consome 30% de tudo que é
produzido, o resto vai para outros Estados e atende ao mercado internacional”,
explica o presidente do Sindicato da Carne e Derivados do Estado do Pará
(Sindicarne), Daniel Acatauassu Freire.
Mesmo assim, ele afirma que não é
preciso se preocupar com o aumento interno de preços no mercado paraense, a
partir da paralisação das exportações, porque há pouca influência. No último
caso similar de suspensão, Daniel diz que as vendas voltaram após 13 dias,
então o especialista mantém essa expectativa agora. Para ele, essa precaução
demonstra que o Ministério da Agricultura é um órgão “competente e extremamente
transparente. O mundo confia nos controles sanitários do Brasil, por isso estamos
otimistas com a solução”.
Já o zootecnista Guilherme Minssen,
da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), discorda. Por mais que
ele acredite que sempre existam preocupações no mercado, é preciso “saber agir
com sabedoria na gestão”. Segundo ele, já existem acenos para a retomada da
comercialização, por isso não há grandes riscos. “Não existe outra alternativa
de mercado para os grandes importadores de carne, além da brasileira. Esta
guerra comercial já é conhecida em outros setores e usam a mesma metodologia
para diminuir o preço”, comenta. (Informações O Liberal)